O Supremo tribunal da Alemanha legalizou a eutanásia. Agora será possível desligar legalmente os equipamentos médicos que mantêm artificialmente a vida de doentes graves, com a concordância destes. A morte suave e tranquila – como o dicionário de Oxford define a eutanásia – é considerada crime na maioria dos países da Europa.
Isto muitas vezes leva ao aumento do turismo sombrio, quando, para deixar a vida, os doentes com câncer ou pacientes paralisados, pedem aos parentes para levá-los à Suíça, Holanda, Luxemburgo ou Bélgica, onde a eutanásia é legal.
A decisão do Supremo tribunal da Alemanha foi precedida pelo julgamento do jurista Wolfgang Putz, que aconselhou sua cliente a desligar a mãe dos sistemas médicos, Érica Kullmer, que estava em coma depois de derrame cerebral há oito anos. Sendo que ela tinha dito antes várias vezes que não queria que a vida em seu organismo fosse mantida artificialmente em tais condições. Dois dias depois de desligados os aparelhos ela morreu, e sua filha e o jurista foram presos por assassinato e cumplicidade com o crime. Entretanto, pela nova lei, ambos foram absolvidos.
Para deixar a vida, doentes graves pedem a parentes para levá-los a países, onde a eutanásia é legalizada. Aqueles que não podem se permitir o transporte do doente a outro país, agem, conscientemente, segundo um roteiro mais dramático. Nos países onde é proibida a eutanásia não são raros os casos de julgamento de parentes, que desligaram os aparelhos de manutenção da vida de seus entes queridos após seus insistentes pedidos.
Na Rússia a eutanásia é proibida. A igreja ortodoxa russa é categoricamente contra. Entretanto parte dos russos pronunciam-se em apoio à morte fácil, e os doentes graves muitas vezes pedem-na aos médicos – contou à Voz da Rússia o médico do pronto socorro Mikhail Kanevski.
"Como funcionário do pronto socorro eu, como muita frequência, vou a apartamentos onde pessoas estão gravemente enfermas. São derrames, oncologia – existem diferentes males. Já me aconteceu de pedirem para que eu aplicasse uma injeção mortal. E eu brinco ou prometo aplicar tal injeção, mas na realidade aplico uma injeção normal e com isto tento inspirá-los ou animá-los, apesar de ver que não há esperanças".
Em Zurique, o mais popular entre os turistas para eutanásia, cerca de 200 pessoas deixam a vida anualmente. Às vezes em busca da morte vão para lá pessoas que não são doentes graves ou incuráveis. Isto coloca em dúvida a eutanásia em toda parte, pois em sua base está a questão que atormenta a humanidade há muito tempo: quem tem o direito de decidir existir ou não existir o ser humano.
Fonte : Voz da Russia
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