O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, avisou que os preços agrícolas vão continuar altos na próxima década e recomendou a criação de reservas nacionais de alimentos básicos.
"Para garantir a segurança alimentar e enfrentar o aumento dos preços, cada país deveria constituir reservas que cubram as suas necessidades entre uma semana a um mês", afirmou o diretor-geral da FAO numa entrevista ao jornal Le Monde, publicada hoje (27/08).
Apesar do contexto difícil, Graziano da Silva considerou que a situação atual é "totalmente diferente" do que aconteceu em 2007-08, quando surgiram conflitos provocados pela fome em vários países.
Entre os fatores essenciais para a estabilidade, o diretor da organização apontou a estabilidade do arroz e a importância dos 'stocks'.
"Dois terços das pessoas que a FAO considera encontrarem-se em situação de insegurança alimentar vivem na Ásia e dependem do arroz para a sua alimentação", precisou.
Perante os elevados preços que atingiram produtos como o trigo e o milho, Graziano da Silva pediu "mais flexibilidade" e que deixe de se utilizar o milho e as oleaginosas para produzir biocombustíveis.
Questionado sobre se devem acabar os incentivos aos biocombustíveis, considerou que não por que farão falta no futuro, quando se desenvolverem os "de segunda e terceira geração", produtos que não usam cereais e não competem com os cultivos destinados à alimentação.
Elogiou ainda a iniciativa sul-coreana de criar um imposto para as transações de futuros e de produtos derivados a fim de lutar contra a especulação de curto prazo, com venda de contratos que foram comprados no mesmo dia.
Fonte : Nos dias de Noé | Citador | Dinheiro Vivo
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