quinta-feira, 26 de julho de 2012

Arsenal químico da Síria é politicamente perigoso


O tema das armas químicas da Síria se tornou dominante nos últimos dias. Por um lado, se trata de mais um meio de pressão sobre o regime de Bashar al-Assad. Por outro, o problema da conservação das armas químicas se pode tornar um pretexto para uma intervenção na Síria.



Na segunda-feira, o porta-voz do MRE da Síria Jihad Makdissi fez uma declaração veemente segundo a qual Damasco só iria utilizar armas químicas em caso de uma agressão externa. Ao mesmo tempo ele declarou que “todo o armamento químico armazenado no país se encontra sob controlo das tropas governamentais”.

O propósito dessa declaração é simples. Israel começou a expressar a sua crescente preocupação com a possibilidade de as armas químicas existentes na Síria poderem ir parar às mãos de islamitas, nomeadamente, do Hezbollah. O ministro da Defesa de Israel Ehud Barak declarou que Israel está a estudar a possibilidade de uma ação militar se surgir o perigo de as armas químicas cairem em poder de terroristas.

O secretário de imprensa do presidente dos EUA Jay Carney comunicou aos jornalistas. “Nós acreditamos que as armas químicas se encontram sob controlo do governo da Síria. Mas estamos muito preocupados com o destino dessas armas nas condições de escalada da violência no país e de crescentes ataques do regime contra o seu próprio povo”.

De facto Damasco respondeu pela boca do porta-voz do MRE: as tentativas de impôr um controlo externo sobre os arsenais de armas químicas podem provocar a sua utilização. Quanto à sua utilização contra a oposição armada, Makdissi sublinhou: “Essas afirmações são ridículas e não correspondem à realidade”.

A razão para isso não é tanto a boa vontade de Damasco, quanto o facto de Bashar al-Assad ter conseguido durante um ano e meio resistir tanto à oposição armada como a uma grande pressão política externa. Já a utilização das armas químicas contra os rebeldes seria o caminho mais certo para a queda do regime sírio, que nesse caso perderia os poucos aliados que tem e que mobilizaria a sério os seus adversários inconciliáveis.

O perito militar moscovita Valentin Yurchenko considera como extremamente improvável a utilização das armas químicas contra a oposição armada porque “esse passo iria acarretar irremediavelmente uma intervenção militar estrangeira”. Além disso, “os militares sírios podem entrar em contacto com os americanos relativamente à segurança dos locais de armazenamento: isso seria mais seguro tanto para uns, como para os outros”, disse o perito.

Entretanto, segundo esse especialista, “a retoma do tema das armas químicas sírias diz-nos que estas podem ser usadas como pretexto para uma intervenção. Não é de excluir que, com uma guerra civil a decorrer, não apareça a proposta de colocá-las sob proteção de forças internacionais, incluindo sob um mandato da ONU. Claro que sem o acordo da Rússia será impossível obter a autorização da ONU”.


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